Observações sobre os quadros de Solange Magalhães

 

Expor de tempo em tempo as obras de um artista brasileiro já faz parte da tradição da Studiengalerie. Começou no final da década de 1950 com a pintura concreta de Mavignier que estudava então na Hochschule für Gestaltung em Ulm, atualmente professor em Hamburgo. Logo após sucederam-se duas exposições de Bruno Giorgi. Suas esculturas metálicas de placas e de hastes lembram Giacometti. Depois Alfredo Volpi e suas transformações a partir de motivos folclóricos em fachadas abstratas e em patterns concretos. Lygia Clark e suas esculturas flexíveis e variáveis em forma de poliedro, Aloísio Magalhães e uma série de fotografias – A História de um Signo – (para o 4º Centenário do Rio de Janeiro) e, finalmente a poesia concreta do grupo Noigrandes, e também Mira Schendel com discos e folhas cobertos de caracteres caligráficos.
E agora Solange Magalhães e suas paisagens dedicadas antes de tudo ao Rio, e, antes de tudo, ao que faz parte desta cidade mundial, à margem e também margem de um continente: a linha amarela da praia, os morros cônicos, calvos e sem vales da Baía da Guanabara, o mar... mais dedicadas também a outras Regiões do Brasil, Norte, Equador e interior do país: aparentemente uma reação em resposta à evolução folclórica não-figurativa e concreta da pintura no Brasil. Mas não nos enganemos: a representação de aparência descritiva foi, na realidade, reduzida e abstratizada, e não esconde seus traços formais e emancipados. Ela estudou Física Teórica, donde conhece também a análise espectral e fenomenal das cores, suas possibilidades autônomas de transparência, sua qualidade vítrea no mundo real, as sutilezas na improbabilidade de seus contornos lineares, o que torna possível o que ela quer: a representação esquemática da “paisagem” como REALIDADE ESTÉTICA.
Mas isso ela também o diz pessoalmente...

Max Bense – texto para a exposição na Technische Hochschule - Stuttgart 1980